quarta-feira, 13 de julho de 2011

Redução de São João Batista: uma história a ser descoberta

Na série Rota Missões desta quarta-feira, a RBS TV apresentou um patrimônio nacional.A reportagem do Jornal do Almoço foi até o interior de Entre-ijuís para mostrar o Sítio Arqueológico São João Batista, uma das sete reduções jesuítico-guarani.
Na chegada, a identidade preservada nas pedras. Evidêcias do que tinha neste lugar.
A redução de São João Batista tinha uma organização parecida com as demais. As casas dos índios e dos padres ao redor da praça, com a igreja e o cemitério ao lado. Aqui, as comunidades recentes ocuparam o cemitério com as sepulturas, o que, diferentemente das outras reduções, foi preservado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, hoje responsável pelo sítio arquelógico.
O lugar foi escolhido para fundar a redução pelo padre Antônio Sepp e 21 caciques. Entre as propridades, a madeira para as construções, grande quantidade de água sem a possibilidade de enchentes e alimento para a comunidade.
Em função do crescimento da população de São Miguel, em 1697 foi fundada neste local a redução de São João Batista. Tudo sob a responsabilidade do padre Antônio Sepp, um homem com grande conhecimento prático e apaixonado pelas artes. De acordo com os relatos da época, habilidades visíveis aqui nesta redução.
Na arquitetura, por exemplo, percebe-se a riqueza na fachada da igreja, coberta por esculturas e desenhos de flores, frutos, folhas e uma varanda com pequenas colunas. As construções eram feitas com uma pedra que tinha em grande quantidade na região, de aparência esponjosa, chamada itacurú. E a foi a itacurú que ajudou a destacar a redução. Dela era extraído o ferro para a fabricação de ferramentas e sinos, como o de São Miguel, por exemplo. Até então, todos os materiais de metal chegavam às missões gaúchas vindos da Espanha.
_Essas pedras eram colocadas num forno. Este forno, em alta temperatura, separava a escória, que é aquilo que não presta, do ferro. Esse ferro passava por um resfriamento e formava lâminas. Essas lâminas eram batidas até dar o formato daquilo que se pretendia fazer com elas_explica a professora de história Denise Bortollini.
Para a professora Denise, o sítio de São João Batista teve sorte por não ter uma ocupação desordenada pelas comunidades recentes. Nele há muita história a ser preservada e muita a ser descoberta.
São João é uma concha com uma pérola. Quer dizer, ela não foi aberta ainda, a pérola ainda não foi descortinada. Eu acredito que nestes movimentos de estudo, de escavações, cada vez mais vai se abrindo essa ostra_comenta Denise.
Em 1970, o sítio arqueológico São João Batista foi declarado patrimônio nacional. Mas mesmo com toda essa riqueza, o município de Entre-ijuís não integra mais a Rota Missões, o produto turístico da região. O prefeito diz que foi apontado pelo Tribunal de Contas do Estado para que devolvesse aos cofres do município os mais de R$22 mil repassados à Fundação Missões em 2009 e 2010.
_Esse apontamento foi por a Funmissões não prestar contas deste dinheiro que os municípios investem. Não sou eu, o Tribunal de Contas que me apontou_diz o prefeito de Entre-ijuís João Paulo Meneghine.
Segundo o assessor jurídico da Fundação Missões, Gladimir Chiele, mesmo a entidade sendo pública, constituída por municípios, é de direito privado. De qualquer forma, está formalizando os procedimentos para adequar o processo de prestação de contas, o que deve facilitar também a fiscalização. A Rota Missões é um produto turístico desta fundação e é formada por 19 municípios missioneiros. Lugares que refletem a riqueza histórica da colonização do Rio Grande que podem ser visitados pelos turistas.

Texto: Rafael Ristow, RBS TV Santo Ângelo